Para
a Geomorfologia, no sentido geral, um rio é um curso de água doce natural, com
canal definido e fluxo permanente ou sazonal, que deságua em um outro rio, no
mar ou em um lago. Ele recebe água pelo escoamento superficial e pelo
escoamento de base, e perde pela evaporação. No regime fluvial, que resulta da
oscilação da quantidade de água presente em um rio no decorrer de um ano,
destacam-se dois períodos: de vazante e de cheia, que coincidem com o período
de menos chuvas e com o período mais chuvoso, respectivamente. No caso do rio
Amazonas, denominado Solimões a partir da divisa entre Peru e Brasil até a
confluência com o rio Negro, a cheia ainda conta com uma pequena contribuição
nival, que ocorre pelo degelo a montante. Por isso, admite-se que o regime de
cheia do Solimões, tem contribuição plúvio-nival.
Esta
região, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) 1ºDISME
(Distrito de Meteorologia), apresenta a seguinte sazonalidade: os meses que
chovem mais são dezembro, janeiro, fevereiro e março, período considerado como
inverno, ou seja, o mais chuvoso e; aqueles que chovem menos são junho, julho,
agosto e setembro, período conhecido como verão, quer dizer, quase sem chuvas.
Os meses de abril, maio, outubro e novembro, formam o que pode ser entendido
como período intermediário. Dependendo do volume de água, o rio apresenta um
leito menor, quando está no período de vazante e um leito maior, que é ocupado
no período de cheia. A largura do rio Solimões/Amazonas alcança até 15 km, como
ocorre na confluência com o Tapajós. Como boa parte das margens são várzeas, e
por ser assim, são áreas inundáveis, sua largura pode atingir até 100 km, o que
representa uma área inundada do tamanho da Inglaterra, ou seja, 130.439 km². A
profundidade, que varia entre 50 a 100 m, considerada sua maior profundidade e
localizada no estreito de Óbidos, é alterada entre 10 e 15 metros.
A
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais( CPRM) anunciou que o rio Negro
deverá chegar a marca de 29,60 m de profundidade em média, até o mês de junho.
O encarregado do Serviço Hidrográfico do Porto de Manaus, Valderino Pereira da
Silva, 63, anunciou que o nível da cheia do rio Negro subiu mais 5 cm, de
quarta-feira para quinta (29/03). Ele enfatizou que nesta mesma data no ano de
2009, o nível era de 27,35 m, e neste ano, na mesma data já atingiu 27,60 m. O
relatório final da CPRM aponta que o fenômeno da cheia do sistema
Negro/Solimões referente ao ano hidrológico 2008/2009, alcançou 29,77 m,
constituindo-se a maior marca dos últimos 107 anos. A média das máximas,
observadas desde 1902 no Roadway (Porto de Manaus) historicamente tem sido
27,80 m, com desvio padrão de 1,14 m.
A
Defesa Civil aponta que já são 81 famílias atingidas pela enchente no bairro
Guadalupe, oeste da cidade de Tabatinga, e também orientou que a secretaria de
educação deste município suspenda as aulas de 24 comunidades. A orientação foi
acatada e cerca de 3 mil alunos tiveram suas aulas suspensas para afastar o
risco de afogamentos. As pessoas que têm familiares naquelas comunidades
localizadas em terra firme estão se mudando, para evitar uma perda maior.
As
autoridades já se mobilizam para atender aquelas localidades com pior situação.
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho sobrevou algumas
destas áreas afetadas. O governo federal publicou portaria concedendo 8 milhões
de reais, que somados aos 6 milhões de reais do Programa Cartão Amazonas
Social, do governo do estado, espera-se atender as pessoas em situação de
risco. Para o Alto Solimões, a ajuda está sendo organizada pelo Sub-Comando de
Ações da Defesa Civil do Estado do Amazonas (Subcomandec). “Estamos
providenciando a logística para atender os municípios do Alto Solimões,
afetados pela cheia”, afirmou Hermógenes Rabelo, secretário adjunto da Defesa
Civil do Estado do Amazonas.
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