terça-feira, 29 de maio de 2012

Outros aspectos relacionados às cheias dos rios

A cheia no ano de 2012 no Alto Solimões, que já apresenta sinal de
recuo, ultrapassou a de 2009, atingindo níveis que ficam atrás apenas
da cheia de 1999, esta ainda considerada a maior, desde que se
começaram os registros do regime do rio, na cidade de Tabatinga.
A seca sucede o período da cheia e também é resultado das
precipitações que ficam menos freqüentes e menos intensas. A população
ribeirinha e grande parte das cidades dependem fundamentalmente das
condições do tempo e do clima na região Amazônica, fatores que se
constituem preponderantes para a organização, para a produção e o
desenvolvimento local. Você procurou algum produto regional neste
período de cheia e não encontrou ? Este é um lado da cheia que por
atingir diretamente nossos interesses, talvez nos incline a vê-la como
vilã.
Apesar das nossas atenções estarem mais voltadas para acompanhar as
situações que envolvem o homem, as árvores, os animais, desde os
diminutos invertebrados, até os peixes, anfíbios, répteis e mamíferos
ao longo de muitas gerações também desenvolveram adaptações incríveis
para poder viver nessas áreas inundadas. Vastas extensões de florestas
são invadidas anualmente pelas águas dos rios inundando uma área
correspondente a 2% do total de florestas da Amazônia.
O relevo da região está dividido em Terra Firme (áreas não
inundáveis), Várzea (periodicamente inundadas) e Igapó
(permanentemente inundada). Apesar de ficar inundada até 10m de
profundidade durante 5 a 7 meses por ano, a vegetação do igapó mantêm
sua exuberância. Como a maioria das árvores da várzea frutifica
durante as inundações, para um grande número de espécies,
principalmente os peixes, o igapó torna-se uma abundante fonte de
alimentos. Esta é uma situação muito diferente de qualquer outra parte
do mundo, pois estes frutos e sementes que caem nos igapós serão os
principais alimentos de cerca de 200 espécies de peixes da Amazônia,
que visitam esta parte da floresta todos os anos.
Os rios amazônicos, com suas praias, restingas, igarapés, matas
inundadas, lagos de várzea e matupás, nome dado a ilhas de vegetação
aquática, e o estuário, são colonizados por uma enorme diversidade de
plantas e animais. As várzeas recebem uma nova quantidade de
nutrientes, renovando-se para atender o ribeirinho que irá procurá-la
para plantar quando as águas baixarem. As praias e os diques marginais
terão sido acrescidos de uma maior quantidade de sedimentos, que ao
longo de 30 a 40 anos serão suficientes para transformar praias em
ilhas.
Outras cheias virão e apesar dos contratempos que estas últimas têm
provocado, elas são necessárias para a renovação de muitas outras
espécies, que por fim contribuíram para a nossa própria subsistência.

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